segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Write about love

Tem muito amor dentro de mim. Não sei se alguém entende o que quero dizer com isso. Não sei se mais alguém sente amor transbordar do peito assim do nada. Eu sinto. Eu me sinto cheia de amor, cheia de sorrisos, cheia de carinho sem donos suficientes. Sinto que tanta coisa não cabe mais em mim, que preciso me desfazer de um pouco, mas parece que quanto mais amor eu dedico, mais sobra no peito.
Se penso em quanto amo alguém, sinto o coração quase explodindo, e dá vontade de rir pro mundo inteiro, de dançar por aí, de ser mais feliz, de distribuir abraços e beijos. Sou o tipo de pessoa que abraça muito, ou tem vontade de abraçar muito. Quem não está acostumado me olha estranho por receber abraço assim de alguém que mal conhece, daí fico com vergonha e deixo de abraçar as pessoas, às vezes, mesmo sentindo vontade. É que cabe muito amor num abraço. E há quem não esteja tão acostumado assim com amor.
Eu estou muito acostumada com amor. Recebo bastante, também amo bastante. Mas sinto que nunca é suficiente. Sempre sobra amor. Não é que falte a quem amar, entende? É que é amor demais, e eu nem sei de onde vem tanto assim. Simplesmente vem. Simplesmente amor. Simplesmente.


"Write about love,
It could be in any form, hand it to me in the morning"

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

#partiu


Sabe quando você gosta muito de alguém e por alguma circunstância da vida ela simplesmente some? De repente a pessoa se muda pra longe... Ou arruma um namorado novo... ou resolve priorizar outra coisa, outra pessoa... Ou simplesmente decide se afastar, sem explicação. Como isso dói! Primeiro aquela ausência machuca todo dia, mas depois você se acostuma à falta e passa a doer só de vez em quando... Quando você vê algo, ou ouve uma música ou vai a um lugar que lembra aquela pessoa... dói. E quando dói você quer saber o porquê da distância, o que motivou a mudança. Nem sempre há explicação.
Eu já fiz isso... já me afastei sem explicações. E me arrependi, mas tenho ainda a certeza de que me afastar era necessário. Às vezes me pergunto como pode ser necessário se afastar de alguém com quem você se importa, mas não sei explicar... certas pessoas simplesmente não cabem mais nas nossas vidas, não se encaixam mais em nossas escolhas e modos de pensar e levar a vida. São mudanças imprevisíveis que uma hora acontecem.

Pra ser sincera, eu até entendo essas distâncias, essas separações. E já não me magoa que elas aconteçam, pois é incrível como a gente muda e nem percebe... E acaba fazendo escolhas e os outros também escolhem por si... e essas escolhas mudam alguma coisa; mudam um pouco ou mudam tudo... a gente se adapta, e acaba até ficando melhor do que antes.

A questão é que quem já partiu sempre deixa algo pra trás... uma lembrança, um objeto, uma impressão. E quando isso vem à tona, dá saudade. Vontade de não ter partido.


@alanaedla #partiu

"Partir, andar, eis que chega
Não há como deter a alvorada"

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O último suspiro de 2010


Últimos suspiros de 2010... Finalmente!
Não que tenha sido um ano ruim, mas já tava na hora de acabar.
Pensando bem, tive tantas mudanças em 2010... Sinto que cresci um pouquinho. Aprendi muito. Fui feliz.
Como é bom ter um balanço positivo do ano! Sim, porque apesar dos muitos pesares, dificuldades, doenças, estresses, lágrimas e desgostos, 2010 foi generoso comigo.
Amei mais, conheci mais as pessoas. Estreitei laços, conheci, desconheci e reconheci. Ri muito e depois um pouquinho mais.
Escrevi, mesmo que não tenha postado aqui.
Li de tudo, até aquilo que um dia achei que nunca me interessaria.
Conheci novas músicas, ouvi muito as antigas. Virei fã de
muita coisa.


Vi The Cranberriessss! Fui muito bem acompanhada, decorei todas as músicas, cantei e pulei junto e foi lindo!
Estudei muito e desesperadamente, mas não vivi pra isso.
Aprendi horrores, em todos os sentidos.
2010 foi bom e...foi!

Já 2011...
Tenho grandes planos pra 2011.
Ser mais feliz, e ler, ver, ouvir, conhecer mais! E tenho tanta fé nisso! Acho que 2011 vai ser lindo...! Pra mim e pra vocês.
Que ele me venha livre de medos, e repleto de coragem na vida. Coragem em mim. Fé.
E suspiros de felicidade. Muitos!
Até o último suspiro de 2011.

Here comes the sun
And I say
It's all right

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O importante é não deixar doer


Quando eu era criança e até adolescente, odiava remédio. Eu adoecia, tudo doía, mas eu me recusava a tomar remédio, de qualquer tipo. Os amargos eram os piores: difíceis de tomar, fazia caretas só de sentir o cheiro. Meus pais, claro, me obrigavam a tomá-los, mas ainda assim eu cuspia tudo na primeira oportunidade. Eu achava que deveria sentir a dor, afinal, ela estava ali por um motivo: eu estava doente! Então, permanecia doente, e chorava as minhas dores até não aguentar mais, e exigia carinho e atenção até ninguém me aguentar mais e até a doença cansar e... acabar. Ufa! Lentamente, ela ia indo embora [gerúndio feio, mas essencial]. Eu melhorava, sim, e sem remédio(!) - embora sentindo a dor de cada pedacinho revoltado do meu ser doente até que eu ficasse bem. Não tinha importância. Era assim que tinha de ser.

Hoje, o Buscopan é meu melhor amigo. Quando há algo errado comigo, ao menor sinal de dor aparecendo em qualquer lugar, me rendo aos remédios. Me recuso a sentir doer quando há como evitar. Não preciso de um mês de convalescência se posso reduzi-la para uma semana. Além disso, posso adoecer, mas não preciso da dor para ter a cura. Cansei de deixar doer. Agora faço a dor passar com qualquer recurso que estiver ao meu alcance. Os remédios amargos são os melhores: apesar de a gente ter que engolir aos trancos e barrancos, com caretas e vontade de vomitar, eles fazem a dor passar rapidinho.
Continuo adoecendo e sinto ainda dores constantemente, de vários tipos, por vários motivos. Mas agora uso o remédio certo para cada dor, sem hesitar, sem deixar os pedacinhos revoltados do meu ser doente continuarem se rebelando. Agora os medico e pronto! Porque o importante é se curar lentamente, sim, mas sem deixar doer.

"Lights will guide you home

And ignite your bones

And I will try to fix you"

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"Uma Esperança"


Na esperança de a chuva chegar e passar. Na esperança de um 2010 pra lavar a alma. Na esperança de que, no fim, haja esperança. Sempre.


"Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto. Houve um grito abafado de um de meus filhos: - Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser. - Ela quase não tem corpo, queixei-me. - Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças. Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender. - Ela é burrinha, comentou o menino. - Sei disso, respondi um pouco trágica. - Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita. - Sei, é assim mesmo. - Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas. - Sei, continuei mais infeliz ainda. Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse. - Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim. Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo. Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança: - É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte... - Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade. - Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança. O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo. Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la. Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada."
Clarice Lispector

domingo, 20 de dezembro de 2009

Sentimental


Eu sinto.
Sinto amor, alegria, saudade, solidão, raiva e dor. Sinto que sei e não sei mais nada, sinto que acho e acho que sinto. Sinto... como se sentir fosse a única coisa que sei fazer.
Eu sinto como respiro. Inconscientemente. Por necessidade de sentir... amor? alegria? saudade? solidão? raiva? dor? Sinto pra me sentir humana.
Por que sinto tão intensamente tudo o que acontece (ou não) ao meu redor e dentro de mim mesma? Por que não sei fingir sentir? Por que não sei deixar de sentir? Por que tem gente que não sente como a gente? Por que tem gente que não percebe que a gente sente?
Nem adianta se perguntar isso tudo. Porque sentir é como pensar, cada um pensa do seu jeito, e a gente não entende como nem por quê, mas não consegue parar. A gente nem sente que sente.

Sinto muito porque sinto demais. Não é nada fácil sentir tanto, guardar tanto dentro de si, demonstrar tanto pros outros. Não é nada fácil ser tão sentimental. E
Quem é mais sentimental que eu?


"Quem é mais sentimental que eu?
Eu disse e nem assim se pôde evitar"

Rodrigo Amarante

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Toda a vida



Tinha sempre o mesmo sonho: casinha de madeira no meio do mato e os bichos falavam. Era divertido e solitário. Uma solidão boa, de paz, de conviver consigo mesma; pensamentos, desejos, vontades, ações. Era descoberta de si mesma. Decidia e pronto: não importavam convenções, não havia ninguém para falar, discutir, discordar. Era ela. Sozinha.


Decidiu, certa vez, trocar o dia pela noite. Escurecia e ela saía, andando pelo mato, ouvindo o silêncio ao redor, bichos que a aconselhavam(por que ela nunca lhes dava atenção?!), o vento que a enchia (e preenchia) de idéias que vinham de longe, o próprio silêncio, o próprio vazio ou a própria confusão mental. Olhava as estrelas e desejava brilhar como elas, ter calor, luz própria. Via a escuridão e quanto aquele mato parecia ser profundo, fechado; e ela queria entrar nele, sentir-se ali dentro, como no coração de algo maior, muito maior que ela própria. Percebia o movimento no escuro, mas não via. Não havia lua, ou sua luz não penetrava na copa das árvores de mato fechado? Não importava. Assim era bom. Era bonito ver-se ali, imaginar o que acontecia na escuridão ao redor, ver o que acontecia na escuridão dentro de si.


Manhãzinha e via o sol despontar, raios preguiçosos e tímidos de quem acaba de acordar. Também amanhecia dentro dela, vez em quando. Começava luzinha fraca e crescia até chegar o meio-dia de sol brilhante e forte, de ofuscar os olhos e de aquecer o corpo, o coração. Tinha tanta vida ao redor, e que agora, sim, podia ver! Uma borboleta azul-brilhante pousava em seu ombro (E diziam que isso dava sorte...). Sentia-se plena, completa. Cheia de um sentimento inexplicável que lhe invadia e fazia bem.


Ela não se cansava, mas, no marasmo da tarde, adentrava a casinha e dormia. Era um sono bom. Algumas vezes tranqüilo, outras vezes agitado, mas bom. Ao anoitecer, acordava, com uma vontade danada de sair pra ver o mundo, e saía.


Tinha sempre o mesmo sonho. Toda noite. Todo dia. Toda a vida.

"De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada
São coisas distintas separadas pelo canto de um galo velho
(...)
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem"

(Fernando Anitelli))